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	ADEUS Ó SERRA DA LAPA 
	
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A 
serra da Lapa fica na fronteira entre Trás-os-Montes e a Beira Alta, no Norte de 
Portugal. Nos tempos de Salazar, era uma região muito pobre, como ainda hoje o 
é. Quem já não suportava a miséria, podia atravessar a fronteira para Espanha, 
mas isto era bastante perigoso. Precisava-se de um guia, a que muitos tinham de 
pagar tudo o que tinham ("O meu dinheiro contado"), e mesmo assim, ficava o 
risco de o guia ser um informante da PIDE.
Devido à pobreza em que se vivia, numa luta contínua pela sobrevivência, a 
decisão de ficar tão pouco era evidente. Exprime-se isto na frase "Meus 
companheiros de aventura". Se estes acompanhassem ou não o eu-falante, a 
diferença seria pequena, a vida continuaria a ser uma aventura. Segundo o 
dicionário, a palavra aventura é a combinação da preposição "a" e do substantivo 
"ventura", um sinónimo de sorte. Vivia-se, portanto, conforme o que a sorte 
trouxesse.
(in "A canção de intervenção portuguesa - Contribuição para um estudo e 
tradução de textos" de Oona Soenario, 1994-1995, Universidade de Antuérpia)
	ALTOS CASTELOS
- Para ser executada à viola por Rui 
	Pato, obedecia mais às exigências duma instrumentação de tipo clássico ao 
	gosto dos tocadores de alaúde do século XVI. Limitei-me depois a reajustar 
	uma letra, ou melhor, um conjunto de sons que não ultrapassasse na divisão 
	silábica a divisão musical. A ingenuidade de certas canções de roda e a 
	gratuidade de alguns poemas surrealistas (lembrei-me duma canção de António 
	Barahona) indicaram-me o sentido do conjunto apropriado ao canto. 
José Afonso
A MORTE SAIU À RUA 
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Dedicada ao pintor Dias Coelho, assassinado pela PIDE.
A MULHER DA ERVA 
 
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E. 
Engelmayer dá a explicação deste texto: trata-se de uma velha mulher do Alentejo 
que ganhava a vida com a venda de erva. José Afonso conheceu-a quando ela já 
tinha mais de setenta anos. Todos os dias, andava pelas ruas e estradas com uma 
cesta de erva cuja venda era o seu sustento e com que se alimentava o gado. Esta 
"profissão" desapareceu com a modernização da agricultura. A canção relata o 
encontro entre o cantor e a mulher. Na segunda estrofe, ele vê-a a subir a 
estrada, vindo na sua direcção. Na terceira, eles trocam algumas palavras e 
depois ela prossegue o seu caminho sem ouvir o comentário do cantor. Na primeira 
estrofe, a "vela condenada pela onda" simboliza que ela não tem, e nunca teve, 
futuro.
(in "A canção de intervenção portuguesa - Contribuição para um estudo e 
tradução de textos" de Oona Soenario, 1994-1995, Universidade de Antuérpia)
Fonte: Associação José 
		Afonso
 
Obrigada :-)))
ResponderExcluirEsta não esperava rsrs
Beijos