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quarta-feira, 2 de maio de 2007

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ADEUS Ó SERRA DA LAPA





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A
serra da Lapa fica na fronteira entre Trás-os-Montes e a Beira Alta, no Norte de
Portugal. Nos tempos de Salazar, era uma região muito pobre, como ainda hoje o
é. Quem já não suportava a miséria, podia atravessar a fronteira para Espanha,
mas isto era bastante perigoso. Precisava-se de um guia, a que muitos tinham de
pagar tudo o que tinham ("O meu dinheiro contado"), e mesmo assim, ficava o
risco de o guia ser um informante da PIDE.

Devido à pobreza em que se vivia, numa luta contínua pela sobrevivência, a
decisão de ficar tão pouco era evidente. Exprime-se isto na frase "Meus
companheiros de aventura". Se estes acompanhassem ou não o eu-falante, a
diferença seria pequena, a vida continuaria a ser uma aventura. Segundo o
dicionário, a palavra aventura é a combinação da preposição "a" e do substantivo
"ventura", um sinónimo de sorte. Vivia-se, portanto, conforme o que a sorte
trouxesse.

(in
"A canção de intervenção portuguesa - Contribuição para um estudo e
tradução de textos" de Oona Soenario, 1994-1995, Universidade de Antuérpia)





ALTOS CASTELOS

- Para ser executada à viola por Rui
Pato, obedecia mais às exigências duma instrumentação de tipo clássico ao
gosto dos tocadores de alaúde do século XVI. Limitei-me depois a reajustar
uma letra, ou melhor, um conjunto de sons que não ultrapassasse na divisão
silábica a divisão musical. A ingenuidade de certas canções de roda e a
gratuidade de alguns poemas surrealistas (lembrei-me duma canção de António
Barahona) indicaram-me o sentido do conjunto apropriado ao canto.


José Afonso





A MORTE SAIU À RUA

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Dedicada ao pintor Dias Coelho, assassinado pela PIDE.





A MULHER DA ERVA




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E.
Engelmayer dá a explicação deste texto: trata-se de uma velha mulher do Alentejo
que ganhava a vida com a venda de erva. José Afonso conheceu-a quando ela já
tinha mais de setenta anos. Todos os dias, andava pelas ruas e estradas com uma
cesta de erva cuja venda era o seu sustento e com que se alimentava o gado. Esta
"profissão" desapareceu com a modernização da agricultura. A canção relata o
encontro entre o cantor e a mulher. Na segunda estrofe, ele vê-a a subir a
estrada, vindo na sua direcção. Na terceira, eles trocam algumas palavras e
depois ela prossegue o seu caminho sem ouvir o comentário do cantor. Na primeira
estrofe, a "vela condenada pela onda" simboliza que ela não tem, e nunca teve,
futuro.

(in
"A canção de intervenção portuguesa - Contribuição para um estudo e
tradução de textos" de Oona Soenario, 1994-1995, Universidade de Antuérpia)

Fonte: Associação José
Afonso





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